Millôr Fernandes era um crítico feroz de ideólogos e de ideologias. Via com muito sarcasmo esses discursos demagógicos dos panfleteiros profissionais, tanto na política partidária, quanto na própria imprensa. Seu arsenal de frases sobre o tema é vasto e riquíssimo.
Ao me deparar com todo esse contorcionismo ideológico que andam fazendo em torno das guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, fui lá consultar o acervo milloriano e um trecho de uma coluna sua de 1993 na revista “Isto É“ se destacou:
“Na minha geração os únicos que escaparam do Comunismo, do Fascismo e da Igreja foram os sexualmente ativos, que tinham mais o que fazer”
Millôr Fernandes
Essa ironia ainda é válida, mas com a adição dos novos “ismos” ao vocabulário político das guerrilhas digitais modernas, hoje devemos incluí-los todos na frase, se quisermos atualizá-la para o século XXI.
E podem ter certeza de que a razão para as novas gerações fazerem menos sexo do que as anteriores tem muito a ver com tudo isso.